O momento da tragédia já ganhou várias versões, que correm pelo Jardim Rosana, bairro da região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. Eram pouco mais de 11 da noite e o dono do bar já tentava despedir a freguesia: “Gente, está na hora de fechar”. Havia semanas circulavam na região as ameaças feitas por policiais de que “coisas ruins poderiam acontecer”. Na prática, avisos como esse são interpretados como um toque de recolher – e o fato é que o perigo era iminente.
Os assassinos encapuzados chegaram ao bar anunciando: “Polícia!” Nesse ponto, não há divergência entre as versões, até porque as ameaças ouvidas por várias pessoas no bairro eram claras: a ação era uma vingança por alguém do bairro, dois meses antes, ter gravado e enviado à TV Globo um vídeo do momento em que policiais abordavam e aparentemente executavam Paulo Batista do Nascimento, o Limão, morador daquela mesma rua. Cinco PMs foram presos em novembro, depois da exibição das imagens – eles haviam registrado no boletim de ocorrência ter encontrado o corpo já sem vida em uma viela.
Há quem diga que, ao ouvir anúncio de que se tratava de policiais, Laércio, que estava próximo à porta do bar, gritou a resposta chave: “Calma, aqui só tem trabalhador!”
Só depois de ter levado um primeiro tiro na perna, a despeito de sua advertência de que não havia “vagabundos” no recinto, Laércio teria xingado: “Seus filhos da p…”. Outros dizem que ele os chamou de “covardes”. Há também gente que estava no bar, no momento do crime, que conta que não houve tempo de dizer nada.
Mas há quem lembre que, depois do grito “Polícia”, Laércio teria dito: “Não tenho medo de vocês, seus covardes”. Ou foi como se dissesse: na sequência, virou-lhes as costas – tanto é que tomou a coronhada de uma escopeta na nuca, antes de ser executado com vários tiros que o atingiram de costas, como me dizem. “Ele morreu como um homem, eles mataram como covardes”, emenda o narrador que, como quase todos os entrevistados, pede que seu nome não seja revelado.
Até o momento eram seis os policiais militares presos pela chacina que vitimou sete pessoas no dia 4 de janeiro, num bar na rua Reverendo Peixoto da Silva, no bairro do Jardim Rosana, zona Sul de São Paulo. A investigação policial e a Justiça vão compor sua própria versão sobre esse episódio trágico em que morreu o protagonista das histórias acima, o DJ Lah, Laércio de Souza Grimas, 33 anos, integrante do grupo Conexão do Morro. Mas poucos no Rosana acreditam que o crime será esclarecido até o fim.
Já se sabe que não é verdadeira a primeira versão que circulou, a de que teria sido Laércio o autor do vídeo exibido na Globo. Os moradores do bairro insistem: o responsável pela denúncia saiu dali logo depois de ter registrado as imagens. “Chegaram a dizer que o DJ tinha dito por aí que ele teria gravado. Isso não é verdade, estão querendo usá-lo como bode expiatório”, explica-me um deles.
A indignação é geral. Covardia é a palavra mais ouvida para descrever o que aconteceu. Todos os que morreram no bar eram “trabalhadores”, termo que na periferia paulistana significa o oposto de tudo o que deveria ser alvo da polícia: crime, vagabundagem, “vida fácil”. Quem vive ali encara um cotidiano árduo, feito de ocupações cansativas e mal pagas, além de horas de transporte público para chegar ao emprego, que frequentemente fica “da ponte pra lá”.
Não há como determinar se a expressão foi forjada pela canção dos Racionais MC’s ou se foram os rappers que captaram o termo que já circulava. Mas o fato é que para quase todos ali o mundo paulistano se divide entre os que vivem de um lado ou de outro das pontes do rio Pinheiros.
“Tá pensando que você está nos Jardins?”, alguém se lembra de ter ouvido de um policial durante um enquadro, depois de ter cobrado uma abordagem mais respeitosa. Os Jardins – uma das regiões mais ricas de São Paulo – ficam, claro, do outro lado da ponte.
Há muito o rap denuncia esses maus tratos, que não raro se convertem em violência mortal. O protesto contra a violência policial é a marca do Conexão do Morro desde que o grupo do DJ Lah começou a se destacar na cena paulistana, no final dos anos 90.
O single de estreia do trio, que veio à luz por volta de 1998, se chamava, justamente, “Saiam da mira dos tiras”. “São eles é que forçam, são eles que atiram/ Reze pra sobreviver”, completava o refrão. Laércio tinha pouco mais de 18 anos nessa época, e foi também nesse período que nasceu sua primeira filha.
Spensy Pimentel
T~ENIS
https://tidd.ly/3diq0m2
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Chacinas
Indignação, medo e desconfiança da polícia imperam na comunidade atingida pela chacina de 7 trabalhadores em janeiro, entre eles o DJ Lah; 6 PMs estão presos, mas pelo menos 14 foram vistos na cena do crime -
reportagem completa em
http://www.apublica.org/2013/02/tempo-de-terror-rosana/
reportagem completa em
http://www.apublica.org/2013/02/tempo-de-terror-rosana/
Cachaça
O Mapa da Cachaça oferece o "Experiências com Cachaça - De Marvada a Bendita" no dia 28 de fevereiro com Renato Figueiredo e pratos da chef Bia Goll"
O Mapa da Cachaça vai realizar o "Experiências com Cachaça - De Marvada a Bendita" no dia 28 de fevereiro. O evento, que conta com uma informativa palestra para aqueles que querem conhecer e apreciar melhor a Cachaça é acompanhado por uma degustação com 6 marcas de qualidade e pratos estilo tapas especialmente preparados pela chef Bia Goll. Na ocasião, o participante “trilhará” a rota da “Marvada a Bendita”, conhecendo as características que fazem da cachaça um destilado superior e de surpreendente qualidade sensorial.O que é o Experiências com Cachaça?
O evento será uma palestra acompanhada por experiência sensorial conduzida por Renato Figueiredo, autor do livro "De Marvada a Bendita" (Ed. Matrix) e contará com o seguinte conteúdo: - A história da Cachaça - Cachaça, aguardente ou pinga? Quais as diferenças? - Os diferentes tipos de produção de cachaça - Madeiras para envelhecimento da Cachaça - Combinações gastronômicas e diferenças sensoriais das cachaças - Orientações para comprar Cachaça Tudo isso, é claro, será acompanhado de doses dos melhores exemplares da bebida brasileira, de forma a fazer o participante conhecer a variedade e as diferenças entre elas. E, como não podia faltar, uma série de comidinhas apetitosas serão servidas pela chef Bia Goll.Cachaças desta edição
Encantos da MarquesaSanto Mario Prata
Mato Dentro Ouro
Santa Terezinha Sassafráz
Sapucaia Real 18 anos
Weber Haus Lote 48 6 anos
Santa Cana - Licor de Cachaça
Cardápio
- Seleção de frutas (caju, carambola e manga)- Bruschetta de gorgonzola com geléia de maçã e cachaça
- Canapés de batata com e linguiça de Blumenal
- Bolinho de feijoada
- Ragu com cachaça e polenta (receita abaixo)
- Brigadeiros de cachaça
Onde?
@ Otto Bistrot R. Pedro Taques, 129 Consolação - São PauloMETRÔ MAIS PRÓXIMO: Consolação (linha verde) e Paulista (linha amarela).
Quando e Quanto?
Compre seu ingresso com antecedência para garantir sua presença.28 de janeiro, quinta-feira, às 19h30 às 22:30h,
R$90 antecipado
Morro como um país - cenas sobre a violência de Estado
Convidamos a tod@s para estarem conosco nesta primeira semana de "abertura dos trabalhos" (e durante o restante da temporada também) da montagem teatral Morro como um país - Cenas sobre a violência de Estado.
O trabalho foi desenvolvido com inúmeros parceiros e parceiras, incluindo grupos teatrais, movimentos e organizações que discutem a violação de direitos humanos e o período da ditadura civil-militar brasileira.
Além das apresentações faremos quatro debates durante a temporada que anunciaremos em breve.
Qualquer dúvida podem nos ligar: (11) 97178-7843 Fernanda Azevedo ou (11) e 97618-1690 Luiz Nunes
Abraços,
Equipe Kiwi Companhia de Teatro

O projeto Morro como um país - a exceção e a regra, com duração de 14 meses e apoio do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, teve início em maio de 2012, contou com uma extensa pesquisa sobre temas que incluem o conceito de "estado de exceção", a ditadura brasileira (64-85) e a violação aos direitos humanos, além de uma série de atividades, como os seminários A exceção e a regra (ver em anexo) e Provocar o escândalo, que contaram com a participação de diversos coletivos, movimentos sociais, intelectuais e militantes, como Amelinha Teles, Ângela Mendes de Almeida, Paulo Arantes, José Arbex Jr., Edson Teles, Idibal Pivetta/Cesar Vieira, da Frente de Esculacho Popular, do Cordão da Mentira, do Coletivo Mães de maio, entre outros.
A montagem teatral Morro como um país - cenas sobra a violência de Estado utiliza, como algumas de suas referências, depoimentos de ex-presos políticos das ditaduras civil-militares na América Latina, documentos, músicas e vídeos provenientes da pesquisa histórica sobre este período. Utilizamos, ainda, trechos do texto literário do autor grego Dimitris Dimitriadis, Morro como um país, que dá nome ao projeto. O texto, em forma poética, trata da ditadura dos coroneis (1967-1974), um dos períodos mais violentos e repressivos da história grega. Morro como um país faz a investigação de diferentes formas de opressão e exploração, em diferentes épocas e lugares, dando sequência ao trabalho do grupo nos últimos quinze anos.
São parceiros deste projeto diversas organizações e movimentos, como o Coletivo Merlino, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, o Comitê e a Aticulação Memória, Verdade e Justiça de São Paulo, a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o Grupo Tortura Nunca Mais, o Movimento Mães de Maio, a Frente de Esculacho Popular, Coletivo Quem, Cordão da Mentira, entre outros.
Faz parte da proposta desta encenação uma atenção especial ao público jovem e a realização de debates e conversas após as apresentações.Os ingressos terão preços populares para o público em geral e serão gratuitos para organizações e movimentos populares.
O trabalho foi desenvolvido com inúmeros parceiros e parceiras, incluindo grupos teatrais, movimentos e organizações que discutem a violação de direitos humanos e o período da ditadura civil-militar brasileira.
Além das apresentações faremos quatro debates durante a temporada que anunciaremos em breve.
Qualquer dúvida podem nos ligar: (11) 97178-7843 Fernanda Azevedo ou (11) e 97618-1690 Luiz Nunes
Abraços,
Equipe Kiwi Companhia de Teatro

O projeto Morro como um país - a exceção e a regra, com duração de 14 meses e apoio do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, teve início em maio de 2012, contou com uma extensa pesquisa sobre temas que incluem o conceito de "estado de exceção", a ditadura brasileira (64-85) e a violação aos direitos humanos, além de uma série de atividades, como os seminários A exceção e a regra (ver em anexo) e Provocar o escândalo, que contaram com a participação de diversos coletivos, movimentos sociais, intelectuais e militantes, como Amelinha Teles, Ângela Mendes de Almeida, Paulo Arantes, José Arbex Jr., Edson Teles, Idibal Pivetta/Cesar Vieira, da Frente de Esculacho Popular, do Cordão da Mentira, do Coletivo Mães de maio, entre outros.
São parceiros deste projeto diversas organizações e movimentos, como o Coletivo Merlino, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, o Comitê e a Aticulação Memória, Verdade e Justiça de São Paulo, a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o Grupo Tortura Nunca Mais, o Movimento Mães de Maio, a Frente de Esculacho Popular, Coletivo Quem, Cordão da Mentira, entre outros.
Faz parte da proposta desta encenação uma atenção especial ao público jovem e a realização de debates e conversas após as apresentações.Os ingressos terão preços populares para o público em geral e serão gratuitos para organizações e movimentos populares.
Serviço:
Morro como um país - Cenas sobre a violência de Estado
De 01 de março a 28 de abril de 2013
Sextas e sábados 20h, domingos 19h
Teatro Grande Otelo, Sótão, Alameda Nothmann, 233, Bom Retiro, São Paulo SP (ao lado do Sesc Bom Retiro).
Estacionamento do teatro pela Alameda Dino Bueno, 353 (preço R$ 15,00)
Ingressos R$ 10 e R$ 5 (estudantes, pessoas acima de 65 anos, categoria teatral)
Entrada gratuita para movimentos sociais (com agendamento prévio)
Sextas e sábados 20h, domingos 19h
Teatro Grande Otelo, Sótão, Alameda Nothmann, 233, Bom Retiro, São Paulo SP (ao lado do Sesc Bom Retiro).
Estacionamento do teatro pela Alameda Dino Bueno, 353 (preço R$ 15,00)
Ingressos R$ 10 e R$ 5 (estudantes, pessoas acima de 65 anos, categoria teatral)
Entrada gratuita para movimentos sociais (com agendamento prévio)
Informações e agendamento 11 971787843 | 11 976181690 |kiwiciadeteatro@gmail.com
Realização Kiwi Companhia de Teatro/Cooperativa Paulista de Teatrowww.kiwiciadeteatro.com.br
Projeto apoiado pelo Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo 2012/2013
Realização Kiwi Companhia de Teatro/Cooperativa Paulista de Teatrowww.kiwiciadeteatro.com.br
Projeto apoiado pelo Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo 2012/2013
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
INFORME SOBRE AS MEDIDAS DO GOVERNO FEDERAL FRENTE À SITUAÇÃO DE CONFLITO VIVENCIADA EM MS - Aldeia Tay´ikue / Caarapó-MS
INFORME SOBRE AS MEDIDAS DO GOVERNO FEDERAL FRENTE À SITUAÇÃO DE CONFLITO VIVENCIADA EM MS - Aldeia Tay´ikue / Caarapó-MS
Os indígenas Guarani Kaiowá que hoje encontram-se em protesto ocupando suas terras originárias usurpadas pelo fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro, que assassinou e confessou impunemente o jovem de 15 anos Denílson Barbosa, após entrarem em contato com a assessoria especial do Ministério da Justiça quando do primeiro ataque realizado pelos pistoleiros (dia 22/02 pela manhã) tiveram a garantia de que a Força Nacional se deslocaria para prestar apoio e impedir a continuidade do ataque. Contudo, a Força Nacional apenas compareceu no dia seguinte, pouco intervindo na situação, fato que se evidencia com a realização do segundo ataque no dia 23/02 pela noite.
A partir de um novo contato realizado junto à Secretaria Especial de Direitos Humanos, os indígenas solicitaram reunião junto ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Tal reunião estava marcada para ocorrer no domingo (dia 24/02) às 13h (horário de Brasília), mas foi remarcado para segunda-feira (dia 25/02) às 17:00 em Campo Grande. A proposta dessa reunião é solicitar a imediata intervenção do governo federal neste conflito. Por enquanto a garantia é de que a partir de quinta-feira (dia 28/02) um grupo da Força Nacional será destinado para atuar especificamente nessa zona de conflito. Contudo, durante quatro dias podem ocorrer mais ataques e mortes, o que faz com que essa medida seja insuficiente para garantir a segurança dos indígenas. Até lá, o grupo da Força Nacional que se deslocou até o local, que acompanha a operação Tekoha de fiscalização das aldeias de Dourados, irá comparecer três vezes ao dia no local (uma vez em cada período do dia: manhã, tarde e noite) para prestar apoio enquanto o outro destacamento da Força Nacional especifico para este caso não é formado.
A Polícia Rodoviária Federal também se comprometeu a dar apoio comparecendo periodicamente ao local.
Ou seja, ainda não foi tomada nenhuma medida que assegure de modo permanente e efetivo a segurança dos indígenas. Os Guarani Kaiowás que estão em protesto no local onde o jovem foi assassinado estão extremamente indignados e estão com a confiança no Poder Público profundamente abalada, tendo em vista as inúmeras violações a direitos, desrespeito e violência a que estão submetidos. Assim, para garantir que a justiça seja feita prometem seguir no local!
Ao ser liberado pela delegada Magali Leite Cordeiro, após ter confessado ter feito disparos contra o jovem Denílson, sob a alegação de que será aguardada a conclusão dos laudos periciais para se saber exatamente o que aconteceu, para então, se comprovada a intenção de matar, seja apresentado o pedido de prisão preventiva, Orlandino entrou com um pedido de na Justiça Estadual para requerer reintegração de posse. O processo foi distribuído dia 21/02 e concluso para decisão logo no dia 22/02. Tendo em vista o poder e influência do fazendeiro na região e a histórica impunidade aos assassinatos de ignígenas, bem como o caráter anti indigenista da Justiça, existe o sério risco do pedido ser aceito. Se tal decisão for cumprida a situação tende a se tornar muito mais grave pois haverá resistência dos indígenas!
Hoje encontram-se no local aproximadamente 1000 indígenas, entre eles jovens, mulheres, crianças, homens, idosos, e cada vez mais Guaranis Kaiowá estão se juntando ao protesto, vindos das diversas aldeias e reservas da região para prestar apoio e solidariedade.
Eles estão com dificuldades para manter a infra estrutura (lonas para montar barracos para os indígenas que vão chegando) e garantir alimento para todos. Para aqueles que puderem contribuir, as lideranças da Aty Guasu pediram ao Tribunal Popular que prestasse auxílio solicitando ao militantes, entidades, organizações e ativistas solidários, doações em dinheiro para que esses itens possam ser comprados. Assim, para os interessad@s, por favor enviar e-mail para tribunalpopular2010@ gmail.com, por onde passaremos instruções de como realizar o depósito.
Para seguir acompanhando as informações da situação, acesse: http:// solidariedadeguaranikaiowa. wordpress.com/
Tribunal Popular: o Estado no banco dos réus
***Veja também a Nota da Aty Guasu (Conselho dos Guarani Kaiowá) com uma análise da postura do poder público, em especial, a Polícia Civil, frente a este conflito, e um relato da situação desde o dia do assassinato do jovem Denílsom: http:// solidariedadeguaranikaiowa. wordpress.com/2013/02/24/nota- do-conselho-da-aty-guasu- guarani-e-kaiowa-contra- genocidio-indigenas/
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Pedagogia do paisagismo : "Quero limpo o Campo Limpo"
O lixão do Campo Limpo , zona sul da capital paulista, será ocupado por floreiras, livros e brinquedos.
Depois de quase meio século a Subprefeitura de Campo Limpo vai pôr fim ao lixão de um terreno baldio da rua Luís Carlos de Moura. Promete tirar do local - a partir de terça-feira 26 - trinta caminhões de lixo e entulho .
Em janeiro, em reunião da ONG Educa São Paulo e o Núcleo de Trabalhos Comunitários da PUC-SP com o subprefeito Sérgio Roberto dos Santos, foi selado o fim do lixão. Na acasião se discutiu a aplicação da pedagogia do paisagismo no bairro : a importância da comunidade participar nas melhorias e preservação dos espaços públicos.
A Associação dos Moradores do Capelinha e a ONG Reviver Capão participam da revitalização da área.
O Banco do Brasil será procurado pela comunidade para doação de brinquedoteca.
Devanir Amâncio
Depois de quase meio século a Subprefeitura de Campo Limpo vai pôr fim ao lixão de um terreno baldio da rua Luís Carlos de Moura. Promete tirar do local - a partir de terça-feira 26 - trinta caminhões de lixo e entulho .
Em janeiro, em reunião da ONG Educa São Paulo e o Núcleo de Trabalhos Comunitários da PUC-SP com o subprefeito Sérgio Roberto dos Santos, foi selado o fim do lixão. Na acasião se discutiu a aplicação da pedagogia do paisagismo no bairro : a importância da comunidade participar nas melhorias e preservação dos espaços públicos.
A Associação dos Moradores do Capelinha e a ONG Reviver Capão participam da revitalização da área.
O Banco do Brasil será procurado pela comunidade para doação de brinquedoteca.
O QUE VALE É A EMOÇÃO
Todo o último domingo do mês, o Espaço Cultural ENCENA convida você á participar de uma experiência IPI - indescritível, pessoal e intransferível, por isso não perca esta oportunidade. Aproveite para finalmente conhecer Eduardo e Mônica e saber o que nos rodeia. História atemporal e esperada.
Este é o nosso mundo!
Este é o nosso mundo!
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Fazendeiro admite ter atirado no adolescente indígena
Fazendeiro admite ter atirado no adolescente indígena morto no domingo em Mato Grosso do Sul
20/02/2013 - 12h36
Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Repórter Agência Brasil
Brasília – O fazendeiro Orlandino Carneiro Gonçalves, 61, confessou ter atirado no adolescente guarani-kaiowá de 15 anos, Denílson Barbosa. O corpo do jovem morador da aldeia tey´ikue, localizada na área indígena Caarapó, em Caarapó (MS), a cerca de 50 quilômetros de Dourados (MS), foi encontrado no último domingo (17) em uma estrada vicinal que separa a aldeia de algumas fazendas.
Segundo o delegado regional de Dourados, Antonio Carlos Videira, o proprietário da fazenda Sardinha se apresentou ontem (19) à noite na delegacia de Caarapó e confessou a participação no crime. Em seu depoimento o fazendeiro informou que estava só na propriedade quando ouviu os latidos dos cachorros, que correram para a área do criadouro de peixes. Ao perceber o movimento, Gonçalves disse ter disparado dois tiros.
De acordo com o delegado, Gonçalves estava acompanhado de sua advogada, prestou depoimento e foi liberado em seguida. A Agência Brasil não conseguiu localizar a advogada de Gonçalves.
A delegada responsável pelo inquérito policial instaurado para apurar o caso, Magali Leite Cordeiro, esteve na manhã de hoje (20) na reserva, acompanhada por investigadores da Polícia Civil e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e apreendeu uma arma de propriedade do fazendeiro.
Conforme o coordenador substituto do escritório da Funai em Dourados, Vander Aparecido Nishijima, informou ontem (19) à Agência Brasil, as primeiras notícias davam conta de que Denílson Barbosa saiu para pescar com o irmão mais novo, de 11 anos, e outro índio, no sábado (16) à tarde. Aparentemente, os três pretendiam ir a um córrego cuja nascente fica no interior da terra indígena e que cruza algumas fazendas próximas.
Segundo o testemunho dos dois índios que acompanhavam Barbosa, os três foram abordados por homens armados quando passavam próximo a um criadouro de peixes. Os dois índios disseram também que os três homens atiraram. Na fuga, Denilson teria ficado preso em uma cerca de arame farpado, foi alcançado pelos pistoleiros e agredido. Ontem (19), Nishijima esteve na área acompanhado por líderes indígenas e ouviu a versão do irmão de Denilson. Na língua guarani ele reforçou o que já havia dito na aldeia, logo depois do fato, identificando três homens por apelidos.
Revoltados, parentes do adolescente e moradores da aldeia ocuparam a fazenda onde o crime teria ocorrido e enterraram o corpo de Denilson. Os índios já reivindicavam a área onde, hoje, o fazendeiro cria gado e planta soja, como sendo território tradicional indígena, parte do antigo tekoha (território sagrado) Pindoty, ocupado pelos kaiowás muito antes da expulsão de comunidades indígenas, ao longo do século 20.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a propriedade estava deserta quando os índios chegaram ao local. Depois de enterrarem o corpo do adolescente, cerca de 300 índios permaneceram no interior da fazenda. O grupo planeja fazer uma série de protestos para chamar a atenção para o assassinato e para os conflitos por terras entre índios e fazendeiros. O Cimi informou também que a comunidade reivindica a presença permanente da Força Nacional na área como forma de garantir a proteção das famílias indígenas.
Cerca de 5 mil índios vivem na Terra Indígena de Caarapó, que mede cerca de 3,5 mil hectares (1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, aproximadamente as medidas de um campo de futebol oficial). De acordo com o Cimi, desde a criação do território indígena, em 1924, os índios são obrigados a pescar fora de sua reserva, já que não há peixes nas nascentes dos córregos existentes no interior da reserva. Segundo o Cimi, isso tem provocado problemas e conflitos recorrentes.
Edição: Tereza Barbosa
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Fábricas de Cultura
BIBLIOTECA
Dias 07, 14, 21 e 28 – Quintas - feiras – às 14h
Roda Ilustrada com funcionários da biblioteca da Fábrica
A partir de uma roda de leitura com textos selecionados (poemas, contos, crônicas e fábulas) com temas variados, iremos produzir, de forma divertida, desenhos que sejam significativos à sensação que cada leitura despertou.
Dia 15– Sexta - feira – às 14h
Bibliocine com funcionários da biblioteca da Fábrica
Tarde divertida com exibição de filmes acompanhada de pipoca. Depois da exibição, uma gostosa conversa sobre os filmes apresentados.
Dia 20– Quarta - feira – às 14h
Histórias Dobradas – Com Priscila Okino
Um pedaço de papel, uma história na cabeça e um tanto de criatividade. É o que vai ser preciso para participar desta oficina e se divertir em dobro. O grupo Muriquinhos, que pesquisa jeitos de brincar, vai ensinar a fazer um fantoche de dobradura. A partir desse fantoche, cada um vai poder criar seu próprio personagem e inventar novas histórias.
Dia 22– Sexta - feira – 14h
Encontro com o autor André Vianco
André Vianco é atualmente o escritor de terror, suspense e fantasia que mais conquista leitores no Brasil com 13 obras publicadas e quase um milhão de exemplares vendidos. Vianco é hoje reconhecido como o principal representante brasileiro do gênero terror e fantasia. O escritor explora o sobrenatural e o imaginário popular com facilidade e entusiasmo, levando o leitor ao gosto pela literatura.
Dia 31– Domingo – 16h
Corre que lá vem a História: Afrocontação –Com Kiusan Oliveira
Os mitos africanos são tesouros que o mundo ainda precisa descobrir. Kiusam de Oliveira, autora do livro “Omo-Oba: Histórias de Princesas”, contará histórias capazes de empoderar meninas de todos os tempos. Conheceremos nesse encontro a história “Oyá e o Búfalo e Ajê Xalugá e o seu brilho Intenso”.
FÁBRICA ABERTA
Dia 10 – Domingo– às 17h – multiuso
Oficina de Samba Rock com Leonardo Cordeiro
O movimento Samba Rock Cultural traz à Fabrica de Cultura Capão Redondo a ação Dançando o Samba Rock. Nesse encontro, o professor Leonardo Cordeiro abordará diversos passos tradicionais do samba rock em um grande “aulão aberto” para todos os presentes.
Dia 17– Domingo – das 13h às 18h – Teatro, espaço externo e multiuso
Comemoração dia do Circo com Grupo “Mega Circo”
Em comemoração ao dia do circo, o grupo “Mega Circo” traz atividades recreativas e artísticas, com atrações para todas as idades, como cama elástica, perna de pau e maquiagem infantil. O encerramento do dia contará com a apresentação de um incrível espetáculo, colorido e repleto de alegria; palhaços, acrobacias, números aéreos de tecido e trapézio mostrando o mundo mágico do circo.
Dia 24 – Domingo– às 14h – multiuso
Sessão “Cinema Com Pipoca” na Fábrica
A Fábrica de Cultura Capão Redondo abre portas para este mágico e lúdico universo: a sétima arte. Para todas as idades, para toda a família. Venha apreciar sessões de filmes escolhidos especialmente para esta agradável tarde com pipoca.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Prá,çarau dois anos de resistência.
Aniversário Prá,çarau dois anos.
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Cartaz de Feliz Aniversário, Ateliê Popularte. |
Numa sexta-feira, o dia foi propicio para se realizar um encontro com amigos, parceiros e surpresas.
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Loja Éd'Marca. |
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Oficina de mandalas. |
Todo material foi disponibilizado pelo Ateliê Popularte e Aline Maria coordenou a oficina.
O Prá,çarau é muito característico, por ser um sarau musical em sua essência, e para não perder esta identidade começou com Wesley Nóog, soltando a sua potente e marcante voz, entoando as mais belas canções da soul music brasileira. Em seguida, entra em cena, o grande Guitar Hero, Celso Bossa, com seu trabalho refinado, com o mais fino da bossa, clássica e releituras maravilhosas de grandes nomes da música.
Apresentações impecáveis e dignas de abertura de altíssimo garbo e elegância, daquela que seria uma tarde inesquecível e que envolveu muitas pessoas.
E esta foi apenas o começo!
Tem muito mais!!!!!
Muito obrigado!
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Celso Bossa e Wesley Nóog. |
![]() |
Celso Bossa, o Guitar Hero. |
E o vento levaria?
Reportagem sem-teto
Vestido de repórter
Para não ser descoberta pelo vento , repórter de TV cola pernas com fita crepe para vestido não voar em reportagem de sem-teto no centro de São Paulo.
Se "as palavras voam" (Cecília Meireles) , os vestidos também voam.
Imagine o efeito Marilyn Monroe ao vivo . Não seria o espetáculo da vida? Devanir Amâncio
O texto acima é o original que recebi de meu parceiro, que já me presenteou, com várias fotos e matérias, que já foram publicadas neste humilde blog e por vezes no outro também. Fico imaginando aqui a cena, esta linda moça, com vestido vermelho, nada chamativo e nem um pouco comprido, entrando ao vivo, em rede nacional, para uma reportagem. Pelo o pouco que se vê nesta fotos, e pelo o que foi relatado, a reportagem era com os sem-teto no centro. Mas caso a moça não tivesse a brilhante ideia de colar o vestido nas pernas com uma misera fita crepe, ela na verdade iria ficar sem chão. Ao vivo. Diante de pessoas desprovidas de moradia e que com certeza nem ligariam para esta cena, pois o mais importante pra estas pessoas, é uma moradia digna e não uma "descoberta". Mas a vaidade e a vergonha, de mostrar em rede o que só se mostra em casa, a levou a esta atitude.
Parabéns menina!
Sempre disseram que o sonho de repórter é dá o furo, mas quando teve a oportunidade, ela cobriu.
Vai ver o furo era muito grande!
Vestido de repórter
Para não ser descoberta pelo vento , repórter de TV cola pernas com fita crepe para vestido não voar em reportagem de sem-teto no centro de São Paulo.
Se "as palavras voam" (Cecília Meireles) , os vestidos também voam.
Imagine o efeito Marilyn Monroe ao vivo . Não seria o espetáculo da vida? Devanir Amâncio
O texto acima é o original que recebi de meu parceiro, que já me presenteou, com várias fotos e matérias, que já foram publicadas neste humilde blog e por vezes no outro também. Fico imaginando aqui a cena, esta linda moça, com vestido vermelho, nada chamativo e nem um pouco comprido, entrando ao vivo, em rede nacional, para uma reportagem. Pelo o pouco que se vê nesta fotos, e pelo o que foi relatado, a reportagem era com os sem-teto no centro. Mas caso a moça não tivesse a brilhante ideia de colar o vestido nas pernas com uma misera fita crepe, ela na verdade iria ficar sem chão. Ao vivo. Diante de pessoas desprovidas de moradia e que com certeza nem ligariam para esta cena, pois o mais importante pra estas pessoas, é uma moradia digna e não uma "descoberta". Mas a vaidade e a vergonha, de mostrar em rede o que só se mostra em casa, a levou a esta atitude.
Parabéns menina!
Sempre disseram que o sonho de repórter é dá o furo, mas quando teve a oportunidade, ela cobriu.
Vai ver o furo era muito grande!
Revolução na Arte!
Por uma Arte Revolucionaria Independente
1) Pode-se pretender sem exagero que nunca a civilização humana esteve ameaçada por tantos perigos quanto hoje. Os vândalos, com o auxílio de seus meios bárbaros, isto é, deveras precários, destruíram a civilização antiga num canto limitado da Europa. Atualmente, é toda a civilização mundial, na unidade de seu destino histórico, que vacila sob a ameaça das forças reacionárias armadas com toda a técnica moderna. Não temos somente em vista a guerra que se aproxima. Mesmo agora, em tempo de paz, a situação da ciência e da arte se tornou absolutamente intolerável.
2) Naquilo que ela conserva de individualidade em sua gênese, naquilo que aciona qualidades subjetivas para extrair um certo fato que leva a um enriquecimento objetivo, uma descoberta filosófica, sociológica, científica ou artística aparece como o fruto de um acaso precioso, quer dizer, como uma manifestação mais ou menos espontânea da necessidade. Não se poderia desprezar uma tal contribuição, tanto do ponto de vista do conhecimento geral (que tende a que a interpretação do mundo continue), quanto do ponto de vista revolucionário (que, para chegar à transformação do mundo, exige que tenhamos uma idéia exata das leis que regem seu movimento). Mais particularmente, não seria possível desinteressar-se das condições mentais nas quais essa contribuição continua a produzir-se e, para isso, zelar para que seja garantido o respeito às leis específicas a que está sujeita a criação intelectual.
3) Ora, o mundo atual nos obriga a constatar a violação cada vez mais geral dessas leis, violação à qual corresponde necessariamente um aviltamento cada vez mais patente, não somente da obra de arte, mas também da personalidade “artística”. O fascismo hitlerista, depois de ter eliminado da Alemanha todos os artistas que expressaram em alguma medida o amor pela liberdade, fosse ela apenas formal, obrigou aqueles que ainda podiam consentir em manejar uma pena ou um pincel a se tornarem os lacaios do regime e a celebrá-lo de encomenda, nos limites exteriores do pior convencionalismo. Exceto quanto à propaganda, a mesma coisa aconteceu na URSS durante o período de furiosa reação que agora atingiu seu apogeu.
4) É evidente que não nos solidarizamos por um instante sequer, seja qual for seu sucesso atual, com a palavra de ordem: “Nem fascismo nem comunismo”, que corresponde à natureza do filisteu conservador e atemorizado, que se aferra aos vestígios do passado “democrático”. A arte verdadeira, a que não se contenta com variações sobre modelos prontos, mas se esforça por dar uma expressão às necessidades interiores do homem e da humanidade de hoje, tem que ser revolucionária, tem que aspirar a uma reconstrução completa e radical da sociedade, mesmo que fosse apenas para libertar a. criação intelectual das cadeias que a bloqueiam e permitir a toda a humanidade elevar-se a alturas que só os gênios isolados atingiram no passado. Ao mesmo tempo, reconhecemos que só a revolução social pode abrir a via para uma nova cultura. Se, no entanto, rejeitamos qualquer solidariedade com a casta atualmente dirigente na URSS, é precisamente porque no nosso entender ela não representa o comunismo, mas é o seu inimigo mais pérfido e mais perigoso.
5) Sob a influência do regime totalitário da URSS e por intermédio dos organismos ditos “culturais” que ela controla nos outros países, baixou no mundo todo um profundo crepúsculo hostil à emergência de qualquer espécie de valor espiritual. Crepúsculo de abjeção e de sangue no qual, disfarçados de intelectuais e de artistas, chafurdam homens que fizeram do servilismo um trampolim, da apostasia um jogo perverso, do falso testemunho venal um hábito e da apologia do crime um prazer. A arte oficial da época estalinista reflete com uma crueldade sem exemplo na história os esforços irrisórios desses homens para enganar e mascarar seu verdadeiro papel mercenário.
6) A surda reprovação suscitada no mundo artístico por essa negação desavergonhada dos princípios aos quais a arte sempre obedeceu, e que até Estados instituídos sobre a escravidão não tiveram a audácia de contestar tão totalmente, deve dar lugar a uma condenação implacável. A oposiçãoartística é hoje uma das forças que podem com eficácia contribuir para o descrédito e ruína dos regimes que destroem, ao mesmo tempo, o direito da classe explorada de aspirar a um mundo melhor e todo sentimento da grandeza e mesmo da dignidade humana.
7) A revolução comunista não teme a arte. Ela sabe que ao cabo das pesquisas que se podem fazer sobre a formação da vocação artística na sociedade capitalista que desmorona, a determinação dessa vocação não pode ocorrer senão como o resultado de uma colisão entre o homem e um certo número de formas sociais que lhe são adversas. Essa única conjuntura, a não ser pelo grau de consciência que resta adquirir, converte o artista em seu aliado potencial. O mecanismo de sublimação, que intervém em tal caso, e que a psicanálise pôs em evidência, tem por objeto restabelecer o equilíbrio rompido entre o “ego” coerente e os elementos recalcados. Esse restabelecimento se opera em proveito do ”ideal do ego” que ergue contra a realidade presente, insuportável, os poderes do mundo interior, do “id”, comuns a todos os homens e constantemente em via de desenvolvimento no futuro. A necessidade de emancipação do espírito só tem que seguir seu curso natural para ser levada a fundir-se e a revigorar-se nessa necessidade primordial: a necessidade de emancipação do homem.
8) Segue-se que a arte não pode consentir sem degradação em curvar-se a qualquer diretiva estrangeira e a vir docilmente preencher as funções que alguns julgam poder atribuir-lhe, para fins pragmáticos, extremamente estreitos. Melhor será confiar no dom de prefiguração que é o apanágio de todo artista autêntico, que implica um começo de resolução (virtual) das contradições mais graves de sua época e orienta o pensamento de seus contemporâneos para a urgência do estabelecimento de uma nova ordem.
9) A idéia que o jovem Marx tinha do papel do escritor exige, em nossos dias, uma retomada vigorosa. É claro que essa idéia deve abranger também, no plano artístico e científico, as diversas categorias de produtores e pesquisadores. "O escritor, diz ele, deve naturalmente ganhar dinheiro para poder viver e escrever, mas não deve em nenhum caso viver e escrever para ganhar dinheiro... O escritor não considera de forma alguma seus trabalhos como um meio. Eles são objetivos em si, são tão pouco um meio para si mesmo e para os outros que sacrifica, se necessário, sua própria existência à existência de seus trabalhos... A primeira condição da liberdade de imprensa consiste em não ser um ofício. Mais que nunca é oportuno agora brandir essa declaração contra aqueles que pretendem sujeitar a atividade intelectual a fins exteriores a si mesma e, desprezando todas as determinações históricas que lhe são próprias, dirigir, em função de pretensas razões de Estado, os temas da arte. A livre escolha desses temas e a não-restrição absoluta no que se refere ao campo de sua exploração constituem para o artista um bem que ele tem o direito de reivindicar como inalienável. Em matéria de criação artística, importa essencialmente que a imaginação escape a qualquer coação, não se deixe sob nenhum pretexto impor qualquer figurino. Àqueles que nos pressionarem, hoje ou amanhã, para consentir que a arte seja submetida a uma disciplina que consideramos radicalmente incompatível com seus meios, opomos uma recusa inapelável e nossa vontade deliberada de nos apegarmos à fórmula:toda licença em arte.
10) Reconhecemos, é claro, ao Estado revolucionário o direito de defender-se contra a reação burguesa agressiva, mesmo quando se cobre com a bandeira da ciência ou da arte. Mas entre essas medidas impostas e temporárias de autodefesa revolucionária e a pretensão de exercer um comando sobre a criação intelectual da sociedade, há um abismo. Se, para o desenvolvimento das forças produtivas materiais, cabe à revolução erigir um regime socialista de plano centralizado, para a criação intelectual ela deve, já desde o começo, estabelecer e assegurar um regime anarquista de liberdade individual. Nenhuma autoridade, nenhuma coação, nem o menor traço de comando! As diversas associações de cientistas e os grupos coletivos de artistas que trabalharão para resolver tarefas nunca antes tão grandiosas unicamente podem surgir e desenvolver um trabalho fecundo na base de uma livre amizade criadora, sem a menor coação externa.
11) Do que ficou dito decorre claramente que ao defender a liberdade de criação, não pretendemos absolutamente justificar o indiferentismo político e longe está de nosso pensamento querer ressuscitar uma arte dita “pura” que de ordinário serve aos objetivos mais do que impuros da reação. Não, nós temos um conceito muito elevado da função da arte para negar sua influência sobre o destino da sociedade. Consideramos que a tarefa suprema da arte em nossa época é participar consciente e ativamente da preparação da revolução. No entanto, o artista só pode servir à luta emancipadora quando está compenetrado subjetivamente de seu conteúdo social e individual, quando faz passar por seus nervos o sentido e o drama dessa luta e quando procura livremente dar uma encarnação artística a seu mundo interior.
12) Na época atual, caracterizada pela agonia do capitalismo, tanto democrático quanto fascista, o artista, sem ter sequer necessidade de dar a sua dissidência social uma forma manifesta, vê-se ameaçado da privação do direito de viver e de continuar sua obra pelo bloqueio de todos os seus meios de difusão. É natural que se volte então para as organizações estalinistas que lhe oferecem a possibilidade de escapar a seu isolamento. Mas sua renúncia a tudo que pode constituir sua mensagem própria e as complacência degradantes que essas organizações exigem dele em troca de certas possibilidades materiais lhe proíbem manter-se nelas, por menos que a desmoralização seja impotente para vencer seu caráter. É necessário, desde este instante, que ele compreenda que seu lugar está além, não entre aqueles que traem a causa da revolução e ao mesmo tempo, necessariamente, a causa do homem, mas entre aqueles que dão provas de sua fidelidade inabalável aos princípios dessa revolução, entre aqueles que, por isso, permanecem como os únicos qualificados para ajudá-Ia a realizar-se e para assegurar por ela a livre expressão ulterior de todas as manifestações do gênio humano.
13) O objetivo do presente apelo é encontrar um terreno para reunir todos os defensores revolucionários da arte, para servir a revolução pelos métodos da arte e defender a própria liberdade da arte contra os usurpadores da revolução. Estamos profundamente convencidos de que o encontro nesse terreno é possível para os representantes de tendências estéticas, filosóficas e políticas razoavelmente divergentes. Os marxistas podem caminhar aqui de mãos dadas com os anarquistas, com a condição que uns e outros rompam implacavelmente com o espírito policial reacionário, quer seja representado por Josef Stálin ou por seu vassalo Garcia Oliver.
14) Milhares e milhares de pensadores e de artistas isolados, cuja voz é coberta pelo tumulto odioso dos falsificadores arregimentados, estão atualmente dispersos no mundo. Numerosas pequenas revistas locais tentam agrupar a sua volta forças jovens, que procuram vias novas e não subvenções. Toda tendência progressiva na arte é difamada pelo fascismo como uma degenerescência. Toda criação livre é declarada fascista pelos estalinistas. A arte revolucionária independente deve unir-se para a luta contra as perseguições reacionárias e proclamar bem alto seu direito à existência. Uma tal união é o objetivo da Federação Internacional da Arte Revolucionária Independente (FIARI) que julgamos necessário criar.
15) Não temos absolutamente a intenção de impor cada uma das idéias contidas neste apelo, que nós mesmos consideramos apenas um primeiro passo na nova via. A todos os representantes da arte, a todos seus amigos e defensores que não podem deixar de compreender a necessidade do presente apelo, pedimos que ergam a voz imediatamente. Endereçamos o mesmo apelo a todas as publicações independentes de esquerda que estão prontas a tomar parte na criação da Federação Internacional e no exame de suas tarefas e métodos de ação.
16) Quando um primeiro contato internacional tiver sido estabelecido pela imprensa e pela correspondência, procederemos à organização de modestos congressos locais e nacionais. Na etapa seguinte deverá reunir-se um congresso mundial que consagrará oficialmente a fundação da Federação Internacional.
O que queremos:
a independência da arte - para a revolução
a revolução - para a liberação definitiva da arte.
Cidade do México, 25 de julho de 1938
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