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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Unindo o clássico literário ao futuro musical



No sábado dia 20 de julho, deu-se início ao Circuito Coopermusp  de Literatura e Música tendo as presenças de Clemente, mostrando o seu trabalho literário e  a jovem cantora Ingrid Sarauja.  

O Circuito é uma iniciativa da Cooperativa de Músicos da Periferia, sediada no Jardim São Bento, Capão Redondo, bairro efervescente na cena cultural da capital. Fundada em 2006 por Marcos Tecora Teles, o espaço abriga não apenas músicos, mas também técnicos e produtores, que apresentam propostas de abrir as portas para profissionais da música desenvolverem seus trabalhos artísticos de forma suste­ntável.


Logo na primeira noite do evento, a mistura de gerações, de um lado Clemente (Inocentes e Plebe Rude)residente da zona norte que relatou histórias de lutas e dificuldades no final dos anos setenta, epóca em que as oportunidades se faziam mais escassas e que demoravam  mais para acontecer. O músico sentiu na pele, literalmente, as barreiras impostas pela sociedade que não enxergava com bons olhos o movimento punk. Tido como anarquista e pertubador da ordem, nada mais era que uma forma dos jovens terem voz, numa fase histórica e tão repressiva, que ainda presidia o poder. E do outro, Ingrid Sarauja, jovem nascida e criada na região do Capão. Entre uma aula e outra, saia mais cedo da escola para frequentar os saraus da quebrada e neles sempre conseguia uns minutos no desmontar do evento para tocar um violão e soltar a voz. Logo cedo saiu de casa e foi morar numa colônia de músicos, sem nem mesmo saber tocar direito.


Neste encontro Clemente apresentou-nos o seu livro, Meninos em Fúria (Alfaguara – 224 páginas – 2016), escrito em parceria com Macelo Rubens Paiva, conta a trajetória do Punk paulistano. Marcelo sempre esteve presente na cena e tem muita vivência em toda esta linha do tempo. Clemente é ícone do movimento punk paulistano, á frente da banda Inocentes, iniciou a carreira ainda no final do anos setenta. A banda com os seus trinta e oito anos de estrada, lançou recentemente, em abril 2019, o EP Cidade Solidão com cinco faixas, destas, três inéditas.  E a banda está saindo em turnê internacional pela Inglaterra e Finlândia. Ingrid subiu ao palco brilhantemente, com sua voz jovial e potente, repertório variado. Somado ao som de seu violão o cajón de Reeh Ferrari, sua companheira de palco e vida. Marcos Tecora, mediando e arrancando histórias dos convidados e também lendo os teus textos. Uma perfeita combinação entre música e literatura, trocando música e tocando ideias. Fatos históricos rolando no palco, em 1987 Clemente já compunha Ingrid ainda nem nascida, mas as letras tão atemporais como quase todas as composições do punk rock nacional, trouxe ao palco a música “Tambores”, os dois convidados cantaram e juntos fizeram um belo show.



Histórias do punk e músicas novas se encontram no mesmo palco, que possamos ouvir por muitos e muitos anos os dois convidados cantando e encantando. E que mais histórias sejam contadas neste palco.




      Rogério Gonzaga
     MTB  0086169/SP