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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A,E,I !! ESSA MERDA EU JÁ VIVI!!!

Vivo no Morumbi, bairro nobre, um dos metros quadrados, mais valorizados da megalópole que o acolhe e bem cotados no ramo imobiliário, casas que mais parecem castelos, com seus reis, rainhas, príncipes e princesas. Ostenta também o maior estádio particular do Brasil, que recebe o mesmo nome do bairro.
Pois bem, fui um privilegiado e consegui minha moradia neste reduto de celebridades, banqueiros, políticos e magnatas das mais diversas áreas.
Como nem tudo são flores, às vezes as coisas ruins que só vemos pela televisão, em regiões remotas e longe de nosso cotidiano, acontecem bem diante de nossos olhos, da minha linda janela, onde vejo fumaças e vejo pessoas, daquela mesma janela onde sempre observo e vejo o prédio que já serviu de cenário para uma produção global, hoje me senti sendo a próxima vitima.
Como todo brasileiro gosto de futebol, por isso mesmo sempre estou reunido com os amigos para aquela maratona de tombos, arranhões e contusões de atletas de finais de semana. Aquela chuteira que reluz e seduz aos pés de kakás, cristianos e outros ronaldos, como tudo aqui no bairro tem ser deste naipe, também tenho, ou melhor, tive, comprei depois de muito tempo jogar com uma já batida e joguei apenas um jogo, foi o suficiente para ter minha casa invadida e ela seqüestrada do varal.
Disseram assim: “O cara não joga nada, mas a chuteira joga muito!”.
E quem a levou, pelo o que fiquei sabendo veio de longe, lá de Franco da Rocha, estava por lá já algum tempo e resolveu passear pela vizinhança e levar consigo a chuteirinha.
Mas na verdade, quando a policia resolveu fazer o que dever ser feito e prender o meliante, abusaram do poder e acabaram matando o suspeito.
- Ôô, seu puliça! Num pode matá bandido, não!
O povo sai às ruas pra reivindicar direitos humanos, mas o cidadão roubou minha chuteira e ainda querem dar direito a ele?
Mas tudo bem, o que dá IBOPE mesmo é a correria, as barricadas e os carros pegando fogo em plena Avenida Giovanni, ninguém, entra, ninguém saí!
Aquilo se torna o paraíso, vem todo o mundo o rádio e a TV, comissários, secretários e faltaram apenas os anjos do céu.
O povo paulistano, assim como o carioca já está se acostumando com esta violência, aqui o morador nem se preocupa com bala perdida, ela sempre entra por ouvido e sai pelo outro é a trajetória normal do projétil, e pelo o que vejo não existe nenhum projeto contra a violência, - Vamos cessar fogo? Hamas!
Enquanto isto, o oficial de justiça me procura porque não compareci a zona no dia das eleições, mas pretendo ser anistiado desta vez.
Porque até agora ele não me encontrava, pois mudei de endereço, mas agora vai, estou na Rua Jacinto Leite Aquino Rego, número 24, Paraisópolis.
O Brasil é o país do futuro!